A cantora e compositora Angela Ro Ro morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, no Rio de Janeiro, vítima de complicações provocadas por uma infecção. Internada desde junho no Hospital Silvestre, na Zona Sul da cidade, a artista passou 21 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde precisou ser submetida a uma traqueostomia. Segundo seu advogado, Carlos Eduardo Campista de Lyrio, a morte ocorreu após a cantora contrair uma bactéria na UTI.
Nos últimos meses, Angela enfrentava dificuldades de saúde e financeiras. Ela não recebia aposentadoria e contava apenas com cerca de R$ 800 mensais provenientes de direitos autorais, tendo até lançado um site para receber doações que ajudassem a custear despesas médicas.
Angela Ro Ro iniciou a carreira na década de 1970, cantando em bares no Rio de Janeiro, e rapidamente se destacou na música popular brasileira. Em 1971, mudou-se para Londres, onde trabalhou como garçonete e faxineira, retornando ao Brasil em 1974. Seu álbum de estreia, Angela Ro Ro (1979), revelou sucessos como Amor, Meu Grande Amor e Tola Foi Você, consolidando-a como uma das vozes mais potentes da MPB. Ao longo da carreira, lançou mais de dez discos, colaborou com artistas como Maria Bethânia e Cazuza e tornou-se referência pela autenticidade de suas composições e interpretações.
Além do impacto musical, Angela foi pioneira ao assumir publicamente sua sexualidade em um período conservador, tornando-se porta-voz de questões LGBTQIA+ e da luta contra a lesbofobia. Enfrentou polêmicas, como o término conturbado do relacionamento com a cantora Zizi Possi, que resultou no álbum Escândalo (1981), mas manteve uma trajetória marcada pela coragem e influência cultural.