Motoboys e familiares de Kelton Marques se reuniram na tarde desta segunda-feira (26) para um protesto no cruzamento do Retão de Manaíra, em João Pessoa, local onde o entregador perdeu a vida em 2021. A mobilização aconteceu após a soltura de Ruan Macário, condenado pela morte do motoboy, que passou a cumprir pena em regime semiaberto no início de maio.
O pai de Kelton, Jailson Souza, afirmou que a manifestação tem como objetivo exigir que Ruan volte à prisão. De acordo com ele, a decisão da Justiça, que reduziu a gravidade do crime e permitiu o uso de tornozeleira eletrônica, gerou revolta entre os familiares e colegas de profissão da vítima.
Equipes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP) acompanharam o protesto para orientar o fluxo de veículos na região, que é um dos pontos de maior movimentação da capital.
A progressão de pena de Ruan Macário foi autorizada após a Justiça reclassificar o homicídio qualificado para homicídio simples, o que reduziu o tempo necessário para a mudança de regime de 40% para 25% da pena. Além disso, foram considerados como atenuantes o estudo, o trabalho e o bom comportamento do condenado enquanto esteve preso no Presídio Padrão de Catolé do Rocha.
A defesa da família de Kelton já informou que vai recorrer da decisão para tentar restabelecer a pena original de 13 anos e quatro meses em regime fechado.
Relembre o caso
Kelton Marques, de 33 anos, foi atingido por um carro em alta velocidade durante a madrugada no Retão de Manaíra, enquanto voltava do trabalho. O impacto foi tão forte que a vítima foi arremessada, e a motocicleta teve perda total. O carro também ficou parcialmente destruído e invadiu o muro de um prédio residencial.
O motorista do carro, Ruan Macário, fugiu do local sem prestar socorro. Dentro do veículo, a polícia encontrou latas de cerveja e entorpecentes. Após permanecer foragido por quase 10 meses, Ruan se apresentou à polícia acompanhado de um advogado. Ele foi detido e transferido para o presídio em Catolé do Rocha, onde permaneceu até a recente decisão judicial que permitiu o cumprimento da pena fora da prisão.
Kelton deixou duas filhas e morava em Santa Rita. Trabalhava em um restaurante que fazia entregas durante a madrugada. Na noite do acidente, ele já havia encerrado o expediente e estava a caminho de casa.