O território quilombola do Engenho Mundo Novo, em Areia, no Brejo da Paraíba, avançou para a etapa de regularização fundiária. Um decreto publicado pelo Governo Federal nesta sexta-feira (21) autoriza a desapropriação das terras da antiga fazenda, permitindo que o Incra inicie as vistorias e defina os valores que serão pagos aos proprietários.
A comunidade, de acordo com o último censo do IBGE, de 2022, reúne cerca de 27 famílias, aproximadamente 170 pessoas, distribuídas em mais de 320 hectares. O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), concluído em 2015, aponta que o grupo é formado por descendentes dos trabalhadores da antiga fazenda, entre eles pessoas escravizadas e moradores agregados, que permaneceram no local após a desestruturação do engenho.
Para Francimar Fernandes, presidente da Aacade/PB, o sentimento é de justiça.
Os documentos que embasam o processo relatam que o antigo Engenho Mundo Novo era voltado à produção de cana, rapadura e aguardente, com extensas áreas de plantio e criação de animais. Famílias que vivem hoje no território contam que seus antepassados enfrentavam jornadas exaustivas, que começavam ao amanhecer e, por vezes, se estendiam até a madrugada.
Atualmente, a agricultura segue como principal fonte de renda da comunidade, com o cultivo de macaxeira, mandioca, milho, batata-doce, feijão, hortaliças e pequenas plantações iniciadas recentemente, como laranja e melão. A produção excedente é levada para Areia em carroças ou no lombo de animais.
Com o decreto, a expectativa é de que a regularização avance após anos de espera das famílias que vivem e trabalham no território há gerações.



